Recém havia ligado a imagem do jogo. Já estava acompanhando pelo rádio, imaginando o grande jogo lá e cá entre o Palmeiras e o Internacional. O Inter vencia por dois a zero, em pleno Pacaembu. A torcida palmeirense estava de costas para o gramado no momento em que comecei a ver o jogo. Provavelmente não viram o que eu vi. Eu conversava com os guris aqui em casa, quando vi o Ilsinho, há pouco em campo, lançando a bola para o Damião lá na frente. Quando vi o Damião vencer o zagueiro no corpo, passar pelo Marcos e ainda se permitir a uma gracinha antes do gol, eu comecei a gritar. Gritei enlouquecidamente, freneticamente, até comprometer a voz. Gritei num gozo catártico, como se o esporte bretão tivesse sido criado, e se desenvolvido no Brasil, para esse momento. Como se todo o universo futebolístico tivesse existido para aquele momento. O Inter não teve a melhor de suas apresentações, apesar da vitória por goleada. O Inter ainda está longe dos líderes do campeonato. Mas esse gol... Esse gol!
11 de setembro de 2011
7 de setembro de 2011
Uma coisa que leva a outra e, por sua vez, a outra, e a outra...
A propósito, inicialmente, do vídeo intitulado EL EMPLEO:
[1]
[2]
[3]
[4]
Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão. E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada. (Maiakóvski)
[5]
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo. (Bertold Brecht)
A leitura do conto “O arquivo” [1], de Victor Giudice (indicado pelo André Cruz, realizada no vídeo pelo Antônio Abujamra) me remete (como não poderia deixar de ser) ao "Operário em Construção" [2], de Vinícius de Moraes, que, em contraposição ao protagonista de Giudice, disse NÃO. Baixar a cabeça - calar e, portanto, consentir - também é tema de "Casa tomada", de Cortázar [3] e de poemas de Maiakóvski [4] e de Brecht [5]. Quando a resignação do espírito - do operário - é aproximada das relações de trabalho, evidencia-se a lógica da produção e do capital, nada humanizadora. Assim, dizer não é contrapor-se a essa lógica, seja pela manutenção de direitos conquistados, seja no avanço para a construção de uma sociedade cada vez mais justa e igualitária. E, se a literatura propõe-se a construir universos paralelos a partir de situações hipotéticas, que nos permite uma identificação – embora com certo distanciamento – ao olharmos no espelho, o que percebemos, senão as nossas próprias contradições e as contradições da própria realidade que nos circunda?
[1]
[2]
[3]
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Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão. E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada. (Maiakóvski)
[5]
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo. (Bertold Brecht)