Quem me conhece sabe que não tenho implicância alguma com erros ortográficos. No entanto, no caso de pessoas públicas, que têm uma imagem a preservar, o caso é diferente. Apesar da maioria de nós brasileiros (é uma hipótese!) seguidamente nos depararmos com uma dúvida ou outra na hora de escrever, temos o triste hábito de menosprezar os equívocos linguísticos alheios.
(Caso mais bizarro atualmente, para mim, envolve o inglês de Joel Santana. O deboche que a mídia coloca e que vai para nas conversas de bar... Quantos têm o mesmo ou inferior nível de conhecimento do inglês que o Joel e saem por aí rindo da pronúncia do outro?...)
Enfim: essa do Luxemburgo encontrei no G1. Seria hipercorreção? Nesse caso, temos uma vaga noção de que algumas palavras que usamos no dia a dia não são escritas da mesma forma como que falamos. Podemos falar “mío”, mas sabemos que é “milho”, ou “cascaio” ao invés de “cascalho”. Ao assimilar essa “lógica gramatical” de substituir o /i/ de uma fala espontânea pelo policiamento do /λ/, pode produzir-se pérolas, como “telha de aranha”. Cláudio Moreno traz um outro exemplo: o /l/ pelo /r/, como em "carça", "sordado", "marvada" em lugar de “calça”, “soldado” e “malvada”. Na tentativa de se corrigir, quem antes falasse “disfarça” e “armário”, poderia exagerar no anseio de se corrigir e largar um "disfalça" ou "almário".
Esse fenômeno costuma aparecer onde a cultura linguística, popular e espontânea choca-se com uma outra manifestação linguística que tenha um maior respaldo. Imaginemos, por exemplo, alguma comunidade de interior que, acompanhando uma telenovela, percebe a pronúncia utilizada de certos vocábulos como diferente da sua e tentam se “corrigir”. Podemos imaginar também que alguém com a pretensão de manifestar erudição e conhecimento como forma de poder para alguma pessoa ou grupo que detenha, reconhecidamente, essa erudição ou conhecimento. Em ambos os casos – mas poderia imaginar outros! – o resultado pode ser desastroso!
Não é “istudar”, mas “estudar”; tampouco “genti”, mas “gente”. Quem não lembrou agora da Carla Perez e ou seu memorável “i” de “iscola”? Talvez coubesse uma conferida na literatura especializada para classificar com mais propriedade o “descordar” do “discordar”. Pode ser um erro de digitação? Ou uma outra classificação a respeito da similaridade do /e/ átono e do /i/? Sim, pode ser, e talvez seja ainda necessário nem dar tanto alarde a respeito dessa do Luxa. Ainda por cima foi despedido, vamos dar um desconto para ele.
No entanto, errar o endereço do próprio blog, assim? http://uxemburgo.blog.uol.com.br/? Isso sim, é imperdoável...
Mas foi o parágrafo no texto do G1 me incomodou, mais até que o equívoco do recém ex-treinador do Palmeiras. Pode ser até inocência do redator, ao querer justificar o estranhamento que o leitor vai encontrar no print-screen. Mas sua observação revela muito mais:
Luxa também anunciou o seu desligamento do time do Palestra Itália pelo seu twitter com os seguintes dizeres: "Não sou mais técnico do Palmeiras. Fui demitido por descordar das atitudes do Keirrison" - escreveu o treinador, cometendo um pequeno deslize ortográfico ao digitar "descordar" em vez de "discordar".
Posso até estar exagerando, mas a minha leitura aponta esse desejo sádico de quem tem a pretensão de achar que sabe mais que o outro. Vejam a minha superioridade: eu sei escrever certo, e sei que ele – e justo ele, uma celebridade! – não sabe. “Ai meus sais”, já dizia uma antiga personagem de tevê. Pra que isso, hein? Pra quê?
7 comentários:
Genteee... acho o luxemburgo tudo de bom! mas acabei de ter uma desilusão ortográfico amorosa! afe!
Boa, boa! heheheh...
Não se é superior apenas por saber escrever 'melhor que o outro', pelo contrário você se mostra inferior nos seus comentários cheios de preconceito!
Além disso o que é escrever certo para você e por que isso te faz ser 'melhor' do que outras pessoas?
Anônimo com dificuldade de interpretar textos?
Amigos, adoro poder debater com vocês. Acredito na internet como ferramenta para a democratização das informações e do conhecimento. Mas provocação de troll anônimo não dá. Temos que saber utilizar desses espaços democráticos com a devida responsabilidade. Até a próxima!
Nossa, Pablo!
Muito interessante teu blog. Viajei nele!
Já está em meus favoritos...
Parabéns, e grande abraço!
B. na sua bandeirinha aí à direita na tela, o correto é dizer: ' involve yourself '
Gostei do retângulo. Good luck.
Já que estamos nisso, ofereça traduções . . .
É verdade... há tempos coloquei essa frase e nunca reparei o equívoco... obrigado pela dica, anônimo!
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