Em um de meus momentos de lapso – assistindo ao Jornal Nacional – sou informado sobre o pedido para que “Caçadas de Pedrinho”, de Monteiro Lobato, não seja distribuído em escolas, pelo motivo de possuir em seu texto elementos de preconceito racial. Será que o caminho é mesmo o de retirar esse livro de circulação?
Duas verdades estão em jogo: uma, de que Monteiro Lobato é um dos escritores de literatura infanto-juvenil mais importantes de nosso país, pela qualidade de sua obra. Da mesma forma que, pelo conjunto da obra de Monteiro Lobato, compreendemos que ele era sim preconceituoso, com os mesmos argumentos deterministas e positivistas que regeram o nosso naturalismo – veja como o preconceito social e racial é construído em “O Cortiço”, do Azevedo – e que, na Europa, justificaram a Questão Dreyfus, a perseguição a minorias pelos nazistas e o trato dos franceses para com os argelinos.
As posições pessoais do autor influenciam a qualidade da sua obra? Mesmo impressas no texto, essas ideias pessoais do autor afetam a compreensão de sua obra? Sabemos que José de Alencar, em nenhum momento, questiona a escravidão no Brasil. O próprio Machado de Assis, através de leituras controversas sobre sua obra, nos dá a impressão de, vez ou outra, ser cruel com a condição – e contradição – do negro nas circunstâncias da abolição da escravidão. Outro caso mais recente poderia ser citado, como a obra poética de Ferreira Gullar e suas atuais posições políticas, e o recente premio Nobel de Literatura, o peruano Mario Vargas Llosa.
Acredito ser pertinente sim o debate proposta pelo Conselho Nacional de Educação. Porém, não seria o caso de vetar a circulação do livro em meios escolares. Não por uma posição medíocre e hipócrita de ser contra a qualquer forma de censura! Deveríamos permitir essa circulação com as devidas ressalvas. A nossa história é constituída por processos positivos e negativos ao longo de sua formação... Não podemos simplesmente apagar o que não nos convenha! Pelo contrário: como profissionais da educação, essa é uma ótima oportunidade de recuperarmos e refletirmos com nossos alunos as condições históricas, culturais e ideológicas dos diferentes momentos da história do nosso país.
Duas verdades estão em jogo: uma, de que Monteiro Lobato é um dos escritores de literatura infanto-juvenil mais importantes de nosso país, pela qualidade de sua obra. Da mesma forma que, pelo conjunto da obra de Monteiro Lobato, compreendemos que ele era sim preconceituoso, com os mesmos argumentos deterministas e positivistas que regeram o nosso naturalismo – veja como o preconceito social e racial é construído em “O Cortiço”, do Azevedo – e que, na Europa, justificaram a Questão Dreyfus, a perseguição a minorias pelos nazistas e o trato dos franceses para com os argelinos.
As posições pessoais do autor influenciam a qualidade da sua obra? Mesmo impressas no texto, essas ideias pessoais do autor afetam a compreensão de sua obra? Sabemos que José de Alencar, em nenhum momento, questiona a escravidão no Brasil. O próprio Machado de Assis, através de leituras controversas sobre sua obra, nos dá a impressão de, vez ou outra, ser cruel com a condição – e contradição – do negro nas circunstâncias da abolição da escravidão. Outro caso mais recente poderia ser citado, como a obra poética de Ferreira Gullar e suas atuais posições políticas, e o recente premio Nobel de Literatura, o peruano Mario Vargas Llosa.
Acredito ser pertinente sim o debate proposta pelo Conselho Nacional de Educação. Porém, não seria o caso de vetar a circulação do livro em meios escolares. Não por uma posição medíocre e hipócrita de ser contra a qualquer forma de censura! Deveríamos permitir essa circulação com as devidas ressalvas. A nossa história é constituída por processos positivos e negativos ao longo de sua formação... Não podemos simplesmente apagar o que não nos convenha! Pelo contrário: como profissionais da educação, essa é uma ótima oportunidade de recuperarmos e refletirmos com nossos alunos as condições históricas, culturais e ideológicas dos diferentes momentos da história do nosso país.
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