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12 de agosto de 2009

Bate-papo com Igor de Fato

Igor de Fato: Che, tu viu a matéria que postei no meu blog? É exclusiva do IGOR DE FATO! É um furo!

Blog do Berned: Sim, li... De fato, eu tinha comentado algo com a Luciéle a respeito do postinho Wilson Noal. Tá visível a depredação. Percebemos que cadeiras estofadas foram retiradas e não foram repostas; e a pediatra que ia com regularidade está indo apenas umas duas vezes por semana.

***

Essa semana o blog IGOR DE FATO entrevistou com exclusividade a coordenadora do Conselho Municipal de Saúde de Santa Maria, Rosa Maria Salaib Wolff:

Rosa Wolff - Estamos vivendo no município um total desmonte da saúde pública. As equipes de Saúde da Família foram demitidas sem que tivesse havido concurso publico para recompor os quadros, e 16 unidades de saúde estão fechadas ou atendendo sem médicos ou enfermeiros. Cada uma dessas unidades era responsável por 4.500 pessoas, e como vemos, temos 70.000 sem nenhuma assistência nesse momento que temos a gripe H1N1 solta por aí. Apenas na zona sul temos 500 pessoas acamadas (não saem da cama) e que recebiam atendimento das equipes, e que agora não têm essa atenção. São pessoas que usam por exemplo sonda vesical pois não conseguem urinar; essas sondas têm que ser trocadas a cada 3 dias, senão provocam infecção, que nessas pessoas é potencialmente fatal. Quando colocado isso ao secretário de saúde, ele respondeu que esses doentes não eram de agora e sim da gestão passada, e que ele tem que resolver problemas de agora”.

No mais, conversávamos eu e Igor sobre pessoas conhecidas (será você?) que vivem as contradições da dita pós-modernidade... Trata-se de uma conversa informal de botequim pelo Google Talk, que, portanto, não fundamenta – ao menos em princípio – teoricamente certas reflexões críticas.

"Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas ou com fatos reais terá sido mera coincidência".

***

[...] Igor de Fato: É a pós-modernidade. [fulanos] são tipicamente pós-modernos.

Blog do Berned: Não é uma questão de indivíduos serem ou não serem, Igor... Digamos que [fulanos] vivem as contradições da pós-modernidade. Mas todos estamos inseridos em uma realidade pós-moderna.

Igor de Fato: Discordo, pois sustento que a modernidade ainda não acabou. A pós-modernidade é uma ideologia, não é um tempo.

Blog do Berned: Também concordo que a modernidade ainda não acabou... Senão não seria pós "modernidade". Talvez seja uma ideologia, em princípio discordo, mas não sei... Sei que é pela pós-modernidade que podemos conviver com essas multiplicidades sociais, e inclusive poder viver com essas próprias contradições. E concordo que a modernidade não acabou: vejo a "pós" como apenas mais uma das tantas facetas da modernidade. Se é uma ideologia, estamos imersos nela também.

Igor de Fato: O pós-modernismo fundamentalmente é a crença no fim dos grandes projetos e a negação das grandes utopias.

Blog do Berned: A questão é que é fato... De uma maneira geral somos levados a não crer em grandes projetos e a acreditar no fim das utopias... Se ainda há os que acreditam, é por pura resistência... Como no nosso caso.

Igor de Fato: Uhum. Mas estamos num momento de mudança. Nos últimos vinte anos foi resistência pura. Agora já se fala em socialismo do século XXI, tem 8 edições do Fórum Social Mundial, e o neoliberalismo está em crise. É um outro momento pra se falar em grandes projetos, em socialismo; é um momento melhor do que os anos 90.

Blog do Berned: Sim... Podemos viver uma mudança... Mas é justamente a pluralidade de "ideologias", sua coexistência em tensão mas passível de convivência, e a vivência de contradições inerentes a essa pluralidade que eu vejo como "pós-moderna". E o fato de admitir que vivemos na pós-modernidade não é necessidade de aceitar, mas poder ser protagonista da mudança, mesmo quando a nossa ideologia nos exerce uma pressão de que "não vale a pena".

Igor de Fato: Sereno Pablo, sereno. Eu avalio que estamos numa ressaca da queda do muro ainda. A coisa mais extraordinária que surgiu depois da queda foi o Fórum Social Mundial. Foram os caquinhos sendo juntados: "um outro mundo é possível". Depois disso, governos começaram a colocar em prática experiências contra-hegemônicas. A América Latina está em ebulição. A China ainda fala em socialismo, e a Coréia, Vietnam, Cuba. Em todo mundo a hegemonia estadunidense sendo negada, embora ainda seja hegemonia. Por isso vejo muita esperança, pois existe luta. E onde há luta há esperança. Existe ainda uma dificuldade de projetos consensuais, mas alguns consensos estão se formando. No andar da carruagem as melancias se ajeitam.

Blog do Berned: Sim... Concordo contigo. “Outro mundo é possível”. É possível também que haja diferentes facetas da dita "pós-modernidade". E ela pode estar em derrocada, possivelmente; mas isso não pode ser visto como "a" modernidade ainda, mas talvez um outro desdobramento ainda da mesma modernidade, que hoje é tida como "pós". Mas é fato... se o mundo mudou depois da queda do muro... Vivemos a possibilidade de uma outra guinada... Não mais de bipolaridade, nem de hegemonia estadunidense, mas de apoios multilaterais, descentralizados e de respeito às soberanias.

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