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24 de outubro de 2009

Não se fume!

Sou levado a ser favorável à proposta de coibir o fumo em ambientes fechados. E não é uma coisa de opção do estabelecimento, oferta de alternativas ao fumante ou criação de espaços alternativos, como há hoje. Pois, ainda que haja a área de fumantes e de não-fumantes em um estabelecimento comercial, por exemplo, o trabalhador do local (imaginemos um garçom) transita por todas as áreas e não têm voz nesse debate.

Tenho visto um esforço em potilizar esse debate: primeiro, o fato de ter sido o governo tucano de São Paulo a ter proposto essa medida. Dessa forma, estaria em jogo uma falsa dicotomia entre a direita “saudável” e a esquerda “fumante”. As coisas não podem ser colocadas dessa forma, pois tornaria o debate muito raso. De outra forma, haveria uma “perseguição” ao fumante, como que criminalizando o ato de fumar. E, aproximando essa discussão à da legalização de drogas, estaria em debate a autonomia do sujeito sobre o próprio corpo.

É claro para mim que a restrição ao uso de drogas (ressalta-se: lícitas e ilícitas) passa pela liberdade individual e o conseqüente risco à saúde e vida de outras pessoas. E quem teria autoridade para intervir nesses tênues limites da liberdade individual é o estado. Se há os que querem a liberdade de fumar, há os que querem a liberdade de não fumar passivamente. E, reitero: não se trata de uma simples separação de espaços, pois há os que transitam entre os ambientes sem poder intervir.

Penso inclusive que o foco da lei está no fumante, ao passo que deveria estar no processo de fabricação dos cigarros. Afinal, o processo de plantio e colheita de fumo são altamente prejudiciais aos agricultores, sobretudo ao considerarmos que a origem dessas folhas são frequentemente da agricultura familiar; ou seja, está em jogo a exposição de crianças aos malefícios da produção do fumo.

Logicamente que se trata de questões delicadas a esse respeito. Se o estado tem esse poder para intervir nas escolhas do sujeito? Cabe considerar como outros países já trataram desse assunto e a que resultados chegaram. Em jogo deve estar o exercício da alteridade e da tolerância, para se conseguir um debate frutífero. Enquanto isso, confiram acima a campanha (supercriativa) que está sendo veiculada na ULBRA TV.

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