literatura, política, cultura e comportamento.
seja em santa maria, em alegrete, no rio de janeiro, em osório ou em liechtenstein.
na verdade, tanto faz.

3 de dezembro de 2010

epitáfio (coro de vozes e classes gramaticais)


nasceu,
cresceu,
amou,
viveu:
fodeu,
foi fodido,
fodeu-se
tanto
tanto
tanto.

5 de novembro de 2010

Quem disse que a literatura não incomoda mais? (4)



Em um de meus momentos de lapso – assistindo ao Jornal Nacional – sou informado sobre o pedido para que “Caçadas de Pedrinho”, de Monteiro Lobato, não seja distribuído em escolas, pelo motivo de possuir em seu texto elementos de preconceito racial. Será que o caminho é mesmo o de retirar esse livro de circulação?

Duas verdades estão em jogo: uma, de que Monteiro Lobato é um dos escritores de literatura infanto-juvenil mais importantes de nosso país, pela qualidade de sua obra. Da mesma forma que, pelo conjunto da obra de Monteiro Lobato, compreendemos que ele era sim preconceituoso, com os mesmos argumentos deterministas e positivistas que regeram o nosso naturalismo – veja como o preconceito social e racial é construído em “O Cortiço”, do Azevedo – e que, na Europa, justificaram a Questão Dreyfus, a perseguição a minorias pelos nazistas e o trato dos franceses para com os argelinos.

As posições pessoais do autor influenciam a qualidade da sua obra? Mesmo impressas no texto, essas ideias pessoais do autor afetam a compreensão de sua obra? Sabemos que José de Alencar, em nenhum momento, questiona a escravidão no Brasil. O próprio Machado de Assis, através de leituras controversas sobre sua obra, nos dá a impressão de, vez ou outra, ser cruel com a condição – e contradição – do negro nas circunstâncias da abolição da escravidão. Outro caso mais recente poderia ser citado, como a obra poética de Ferreira Gullar e suas atuais posições políticas, e o recente premio Nobel de Literatura, o peruano Mario Vargas Llosa.

Acredito ser pertinente sim o debate proposta pelo Conselho Nacional de Educação. Porém, não seria o caso de vetar a circulação do livro em meios escolares. Não por uma posição medíocre e hipócrita de ser contra a qualquer forma de censura! Deveríamos permitir essa circulação com as devidas ressalvas. A nossa história é constituída por processos positivos e negativos ao longo de sua formação... Não podemos simplesmente apagar o que não nos convenha! Pelo contrário: como profissionais da educação, essa é uma ótima oportunidade de recuperarmos e refletirmos com nossos alunos as condições históricas, culturais e ideológicas dos diferentes momentos da história do nosso país.

30 de outubro de 2010

O Alegrete que os alegretenses querem para o futuro

O que significa investir em educação? Creio que investir em educação é investir em melhoria de qualidade de vida, de emprego e de desenvolvimento a médio e longo prazo. É criar oportunidades para que as nossas crianças, adolescentes e jovens vejam um horizonte próspero em seu futuro... “É preciso força pra sonhar e perceber que a estrada vai além do que se vê!” – cantam Los Hermanos.

Nessa minha estadia profissional pelo Alegrete, tenho ouvido de tudo. Adotei a postura cautelosa de mais ouvir do que falar, pois tudo pelo que passamos pode se converter em aprendizado e amadurecimento. Porém, nem tudo que ouvimos deve ser assimilado acriticamente: a coerência com o modo de concebermos o mundo e modificá-lo deve estar em constante tensão com o que lemos e ouvimos.

Numa dessas conversas, em Alegrete, ouvi dizer que não há oportunidade de formação profissional para o jovem alegretense. De fato, a juventude do Alegrete deve ter prioridade nas políticas públicas nas esferas estaduais e federais (contando com a eleição da Dilma), pois muitos jovens hoje não têm perspectivas de emprego e renda, e surgem como possibilidades, ou a saída para grandes centros industriais, ou o descambar para a criminalidade. Podemos ver que isso se dá pela pobreza da região, ao (ainda!) privilegiar um coronelianismo feudal de subserviência e a concentração de renda em torno de meia dúzia de famiglias. O próprio Alegrete não investe no Alegrete, não gera poder de consumo para que se possam desenvolver economicamente as cidades da região.

Por outro lado, afirmar que nada esteja acontecendo é ler a realidade empírica de forma fragmentada e, portanto, limitada. Voltemos aos anos 90, relembremos do Alegrete naquela época, e imaginaríamos uma cidade universitária? Com certeza isso seria motivo de chacota entre a juventude da época, para quem tinha apenas Porto Alegre, Santa Maria, Rio Grande e Pelotas como possibilidades de cursar uma universidade gratuita (pública e de qualidade!).

Mas o Alegrete está mudando. Hoje a cidade conta com CINCO UNIVERSIDADES, das quais, contribuindo para a interiorização e democratização da educação, TRÊS SÃO PÚBLICAS: a Unipampa, o Instituto Federal Farroupilha (que oferece cursos tecnológicos de níveis médio e superior e atende a uma demanda de licenciaturas e cursos de pós-graduação) e a UERGS (que tende a ter seus investimentos retomados com a eleição de Tarso Genro para o Rio Grande do Sul). Além disso, temos a URCAMP, por onde as pessoas podem ser financiadas por meio do PROUNI. Também há a UNOPAR, que tem contribuído com a formação de profissionais na região por meio do ensino a distância, estimulado pelo Governo Federal, como diminuição das fronteiras à informação e ao conhecimento.

Enquanto a população da cidade não assimila a importância histórica desses investimentos na cidade, nossos jovens não estarão enxergando essas instituições como possibilidades concretas. Nós, educadores, pais, gestores públicos, jornalistas – todos – temos a responsabilidade de divulgar e incentivar nossos jovens. O grande medo hoje na cidade é que ela forme pessoas, mas não gere mercado para que possam atuar na própria cidade e região. Ora, só é possível garantir que esses profissionais possam permanecer e colaborar com o desenvolvimento da cidade se houver a geração ampla de formação e empregos à juventude, por meio de incentivos concretos de emprego e renda nas mais diversas áreas.

O posicionamento estratégico da cidade, a meio caminho do Uruguai e da Argentina, faz com que a cidade seja promissora. Porém, o que parece é que a cidade espera um messias que virá e, com a sua graça e palavras mágicas, transformará a cidade em um reino dos céus. Parece não ser claro que a mudança só pode acontecer por meio de tensionamento político, envolvimento social e posicionamento frente aos projetos para a cidade. Que cidade o povo do Alegrete quer para o Alegrete? E o que é necessário fazer para o Alegrete corresponder às expectativas dos seus cidadãos? Como operar, como resolver os problemas que impedem o Alegrete de corresponder a essas expectativas? Precisamos parar de resmungar e, com a boca escancarada, cheia de dentes, esperar o apocalipse chegar! Precisamos ser propositivos e objetivos para a cidade que se espera e se quer para o Alegrete!

24 de outubro de 2010

Por que me engajar?


Certos olhares não mentem. “O que ele quer, fazendo campanha política? Ainda mais de graça, para os outros, que nem sabem quem ele seja! Ele não precisa disso!” Ou, “como ele se deixa levar por essa politicagem?” Para começar a responder perguntas como essas, citaria um verso do maestro Jobim: “É impossível ser feliz sozinho!”.

Durante meu ensino médio em Osório, gostaria de ter me envolvido mais na política estudantil. Porém, a falta de acesso à informação limitava-me. Ainda assim, com alguns amigos, conseguimos tornar viável o plebiscito contra a ALCA no município em 2002!

A grande expectativa que criei pela atuação da política estudantil na universidade foi frustrada ao ter as minhas primeiras impressões na UFSM. Eu, com 17 anos, imaginava que a política estudantil poderia propor novos métodos de fazer política, e não apenas reproduzir o que já se fazia na política institucional. Possivelmente essa leitura que fiz nas minhas primeiras impressões tenha se dado por não haver outros movimentos estudantis expressivos e de esquerda que se contrapusessem às práticas do movimento hegemônico naquele momento. Deixem-me esclarecer: não me contrapunha, de modo geral, às pautas, mas às práticas políticas. De qualquer forma, mesmo não me engajando de fato, acompanhava e apoiava as pautas do movimento estudantil.

De qualquer modo, nas conversas com os amigos são apresentadas ideias, opções e saídas... A gente ouve tudo, assimila, mas certas coisas precisam de um amadurecimento lento...

Movimento promovido
pela UNE e UBES em 2007
Já estava no mestrado, e por ocasião de um evento, estava em São Paulo. Chovia desde cedo naquela manhã. Nisso, estava a uns 200m da prefeitura da capital, sobre um viaduto, próximo à marquise de uma grande loja, em que uns quantos mendigos – homens, mulheres, crianças e idosos – abrigavam-se da chuva. Pude ouvir o diálogo em que um policial informava a uma mulher que todos eles deveriam sair dali, para que a loja pudesse abrir. A mulher (com duas crianças em volta e uma no colo) então responde que eles não teriam problema algum em sair dali, e questionava: “mas para onde a gente vai?” Sobre o viaduto, dava para enxergar as telas recém colocadas pela prefeitura de São Paulo para impedir que mendigos se abrigassem ali.

“Mas para onde a gente vai?” – a pergunta me ressoava na cabeça. Já não era mais o mesmo depois dessa cena. E se fosse comigo? Essa era a segunda pergunta que ressoava na minha cabeça... Afinal, as oportunidades que tive e pude aproveitar foram, em grande parte, por sorte. De mesmo modo que eu pude nascer no seio de uma família que pode me oportunizar certas condições, há aqueles que nasceram sem acesso a um mínimo dessas oportunidades. E quando o meu filhote nasceu... Aí eu percebi mesmo que eu não poderia me contentar com as coisas do jeito que são. Que, se eu pudesse contribuir para que houvesse uma universalização de oportunidades, eu iria me engajar. Não apenas para oportunizar um futuro melhor para o meu filho, mas para que o mundo ofereça condições mais humanas para todos os nossos filhos.

Como ser feliz sozinho? Como ser feliz vendo miséria e descaso por todos os lados? Se, por algum acaso, não sou eu e minha família passando por necessidades, poderia (e poderá) por algum acaso ser eu ou algum dos meus necessitando da mão do Estado, como há tantas e tantas famílias que pelos mais variados motivos são postas à margem pelas leis do capital. Se eu puder colaborar para o fortalecimento de um Estado que contribua para a construção do socialismo e para o protagonismo popular, estarei me engajando por essa luta.


O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito,
vamos de mãos dadas... (Drummond)
 
Por isso pego as bandeiras e dou a “cara à tapa”. Porque me vejo como parte de um ideal maior, em nome de um projeto concreto que possa melhorar de fato a vida das pessoas que precisam, mesmo reconhecendo as contradições que possa haver. Como dizia o Raulzito, "Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só; mas sonho que se sonha junto é realidade"!

O processo democrático não termina com o voto. Pelo contrário, é pelo direito ao voto que o processo democrático começa, e é pelo dever ao voto que não podemos nos isentar das responsabilidades que existem através do processo democrático.

23 de outubro de 2010

O que restará afinal?


Uma professora que havia me visto em plena campanha no calçadão do Alegrete perguntou-me, numa outra oportunidade, a respeito da suposta violência contra o candidato Serra, no episódio do Rio de Janeiro. Na opinião dela, tanto o Serra errou, como o Lula errou ao desdenhar a violência. Como cobrar de nossos alunos que não joguem bolinhas de papel na sala de aula, quando há exemplos como esse na esfera política? Ensaiei uma contestação a fim de argumentar que houve sim fraude, mas, no momento, optei em não prolongar esse debate. Isso porque, utilizando a mesma comparação que ela já havia feito, creio que o que poderá restar são o conhecimento e os valores que pudermos oferecer aos nossos alunos, e não eventuais os problemas de indisciplina, como as bolinhas de papel. Ou seja, de mesmo modo, o que é importante para o futuro do nosso país, a propósito das eleições, não é se era uma bolinha de papel ou uma bobina de papel, mas as visões de mundo e de país que há nos distintos projetos de cada um dos candidatos.

15 de outubro de 2010

Manifesto em Defesa da Educação Pública


E-mail recebido:

Caras e caros colegas professores universitários,
Vejam em anexo um Manifesto em defesa da Educação pública. Foi preparado por iniciativa de colegas da USP, entre os quais Ricardo Musse e Vladimir Safatle. Também está em preparação um ato público de manifestação de repúdio à candidatura ultra-conservadora do Senhor José Serra, a ser realizado na capital paulista.
Peço encarecidamente que leiam este sucinto Manifesto e o assinem, caso concordem com seus termos. Peço também a mais ampla divulgação para essa iniciativa.
Pessoalmente, considero a leitura desse manifesto muito oportuna, porque o mesmo traz de volta à memória algumas das funestas realizações – no campo específico da educação pública – de José Serra e de seus amigos, como Paulo Renato. Para aderir ao Manifesto é preciso mandar um email para o endereço que segue.
emdefesadaeducacaopublica@gmail.com
Saudações republicanas, laicas portanto.

***

Nós, professores universitários, consideramos um retrocesso as propostas e os métodos políticos da candidatura Serra. Seu histórico como governante preocupa todos que acreditam que os rumos do sistema educacional e a defesa de princípios democráticos são vitais ao futuro do país.

Sob seu governo, a Universidade de São Paulo foi invadida por policiais armados com metralhadoras, atirando bombas de gás lacrimogêneo. Em seu primeiro ato como governador, assinou decretos que revogavam a relativa autonomia financeira e administrativa das Universidades estaduais paulistas. Os salários dos professores da USP, Unicamp e Unesp vêm sendo sistematicamente achatados, mesmo com os recordes na arrecadação de impostos. Numa inversão da situação vigente nas últimas décadas, eles se encontram hoje em patamares menores que a remuneração dos docentes das Universidades federais.

Esse “choque de gestão” é ainda mais drástico no âmbito do ensino fundamental e médio, convergindo para uma política de sucateamento da Rede Pública. São Paulo foi o único Estado que não apresentou, desde 2007, crescimento no exame do Ideb, índice que avalia o aprendizado desses dois níveis educacionais.

Os salários da Rede Pública no Estado mais rico da federação são menores que os de Tocantins, Roraima, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Espírito Santo, Acre, entre outros. Somada aos contratos precários e às condições aviltantes de trabalho, a baixa remuneração tende a expelir desse sistema educacional os professores qualificados e a desestimular quem decide se manter na Rede Pública. Diante das reivindicações por melhores condições de trabalho, Serra costuma afirmar que não passam de manifestação de interesses corporativos e sindicais, de “tró-ló-ló” de grupos políticos que querem desestabilizá-lo. Assim, além de evitar a discussão acerca do conteúdo das reivindicações, desqualifica movimentos organizados da sociedade civil, quando não os recebe com cassetetes.

Serra escolheu como Secretário da Educação Paulo Renato, ministro nos oito anos do governo FHC. Neste período, nenhuma Escola Técnica Federal foi construída e as existentes arruinaram-se. As universidades públicas federais foram sucateadas ao ponto em que faltou dinheiro até mesmo para pagar as contas de luz, como foi o caso na UFRJ. A proibição de novas contratações gerou um déficit de 7.000 professores. Em contrapartida, sua gestão incentivou a proliferação sem critérios de universidades privadas. Já na Secretaria da Educação de São Paulo, Paulo Renato transferiu, via terceirização, para grandes empresas educacionais privadas a organização dos currículos escolares, o fornecimento de material didático e a formação continuada de professores. O Brasil não pode correr o risco de ter seu sistema educacional dirigido por interesses econômicos privados.

No comando do governo federal, o PSDB inaugurou o cargo de “engavetador geral da república”. Em São Paulo, nos últimos anos, barrou mais de setenta pedidos de CPIs, abafando casos notórios de corrupção que estão sendo julgados em tribunais internacionais. Sua campanha promove uma deseducação política ao imitar práticas da extrema direita norte-americana em que uma orquestração de boatos dissemina dogmas religiosos. A celebração bonapartista de sua pessoa, em detrimento das forças políticas, só encontra paralelo na campanha de 1989, de Fernando Collor.


Em tempo: veja as fotos do protesto dos professores da rede estadual de São Paulo em março desse ano:
http://educacao.uol.com.br/album/greve_professores_SP_2010_03_26_album.jhtm?abrefoto=27 .

9 de outubro de 2010

Osso duro de roer



Tropa de Elite 2 permite-se inicialmente a uma leitura superficial que aponta para a desmoralização ética do sistema de segurança pública e da política. Em outras palavras, todos estariam corrompidos, e agindo no poder público para benefício próprio com objetivos financeiros e eleitorais. Outra leitura superficial seria relacionar em imediato os acontecimentos da narrativa com o contexto eleitoral.

O fato de o filme ser lançado no contexto eleitoral permite uma comparação imediata com a realidade atualíssima, considerando-se a reeleição do governador e as políticas das unidades de polícia pacificadora. Ora, o filme vem sendo produzido desde o ano passado, e seria leviano considerá-lo como um reflexo da realidade (o filme não foi feito semana passada!).

Chamamos a atenção para a crítica sobre a esquerda que o Nascimento faz ao início do filme, que se modifica ao final, quando ele percebe que o deputado Fraga, na luta pelos direitos humanos, está do mesmo seu lado contra o sistema. Se o Fraga havia se utilizado do caso de Bangu I para se promover politicamente, outros haviam se utilizado da estrutura corrompida do sistema.  Há legitimidade do processo eleitoral, e não há o nivelamento político: pelo contrário, a narrativa do filme deixa claro que todos tomam partido, seja por valores humanitários, seja por interesses eleitoreiros e financeiros.

Ao fim do filme, é lançada toda a responsabilidade em nós, eleitores, tanto no que se refere à ação e financiamento das milícias, quanto de quem elege políticos comprometidos com o sistema que favorece as milícias. O filme é muito bom, e merece uma conclusão crítica pautada nos detalhes dos movimentos do enredo.

4 de outubro de 2010

Um diálogo quase fictício

E no meio do papo...

- Meu colega aqui votou Marina.


- Proteção ambiental aos tucanos! Tudo bem, votou, agora já era...


- Mas no segundo turno a onda verde vira vermelha – diz ele. Ele é um daqueles que são
revoltados com a corrupção...

- A questão é: se ele achou que no momento histórico atual era importante o voto na Marina, que agora analise friamente as proposições para o futuro do Brasil que estão em jogo.


- Ele disse que não é louco de votar em Serra... Não rasga dinheiro – foi o que disse.


- Sério... o problema real não é um governo ter focos de corrupção, pois as pessoas são corruptíveis, e qualquer governo pode ser suscetível a isso, independente do partido ou das lideranças que lá estejam. A questão é se há a valorização das instituições públicas que reprimam e coíbam a prática da corrupção.


- Sim, o que as pessoas não entendem é que a última coisa que a mídia quer ao promover os escândalos midiáticos denuncistas é resolver o problema da corrupção. As críticas da mídia se tornam vazias pois não são propositivas. Elas seriam muito mais efetivas se tomassem partido formalmente e defendessem reformas estruturais na política. Bem se vê que para os "barões da mídia" é conveniente o modo como as coisas estão...

12 de setembro de 2010

"Provas", de Ruben Pereira



Canção "PROVAS"
Ruben de Oliveira Pereira
Autor (1995) e intérprete (2010)

Produção do Blog do Berned

8 de setembro de 2010

Obras do Governo Federal em Alegrete

Circulando pela cidade do Alegrete, observei uma série de placas que anunciam investimentos do governo Federal nessa cidade. Porém, chamou-me a atenção que, nas placas, o logotipo da gestão de Lula nas placas está tapado ou apagado.

A cidade do Alegrete pertence a uma região pouco desenvolvida do Rio Grande do Sul. Da pecuária que já foi motivo de orgulho no passado, hoje restam grandes latifúndios e centros urbanos médios e pequenos que não apresentam perspectivas de emprego e renda para a juventude, sobretudo aos jovens de periferia.

O Alegrete ainda mantém uma visão tacanha e retrógrada de política, calcada no discurso de manutenção das tradições – na esteira da cultura, o discurso político vincula-se à questões retrógradas de políticas sociais e propriedade privada. Falar em esquerda? Apesar da vice-prefeita ser do PT, o discurso anti-PT no Alegrete é contundente, embora superficial, preconceituoso e limitado. Até discurso pró ditadura eu tive que ouvir esses dias de um cidadão, para quem o marginal é pobre, o pobre é marginal, e só no cacetete as coisas se resolvem (?).

Tanto que aqui é o reduto de votos no dotô. Candidatos que defendem as políticas mais perversas, na contramão da distribuição de renda e de geração de empregos, têm ampla aceitação na cidade. Seja o candidato da RBS para deputado federal pelo PDT, seja o Cabeludinho de Uruguaiana (sim, o do Detran!) para estadual pelo PP... Pelo PP ainda aqui há grande publicidade ao “Canceroso” (sujeito parecido com a personagem de X-Files), e até ao deputado litorâneo do PMDB que concedeu 143% de aumento à atual (des)governadora... O problema é que, mesmo votando naquilo que se chama de “candidatos da região”, a região da campanha têm sofrido ao longo dos anos com falta de investimentos, falta de políticas públicas, e descaso com a maior parte da população: a que não anda de picape em volta da praça...

A quem interessa desvincular obras com investimento federal do Governo Lula em Alegrete?

Pois não me parece plausível haver qualquer impedimento legal sobre o logotipo “Brasil, um país de todos”. Não há aí qualquer referência à candidatura do PT ou de Dilma, mas há a divulgação de que há investimentos na cidade. Pior seria se não houvesse o que divulgar. Se for posições críticas a respeito de como esses recursos foram investidos, ou a respeito de conclusão das obras, até vá lá... Mas e se for pura má-fé?



Essa placa foi a primeira a me despertar a atenção. Está junto a um posto de saúde na Vila Kennedy. O logotipo do Governo Federal estava tapado com uma lona preta, cujas fitas adesivas ainda são visíveis.
Observe que nessa placa, junto a dezenas de casas populares em processo de finalização de construção no bairro Ayrton Senna, o logotipo do Governo Federal está pintado.
Até naquela que talvez seja a maior contribuição do Governo Lula para o Alegrete e para a região, a Unipampa, as placas têm o logotipo do Governo Federal removido. Por quê?

À esquerda, o antigo logotipo da Eletrobrás; à direita, o logotipo do Governo Federal arrancado.

Até obra de saneamento em Alegrete teve o logotipo arrancado!
Nessa farmácia, no centro do Alegrete, o logotipo é tapado. Em outra farmácia, não muito longe, anuncia: Genéricos, até 60% de desconto; Farmácia Popular, até 90% de desconto!
No parque dos Aguateiros, mais um investimento do Governo Federal que teve o logotipo tapado por adesivos. Além desses investimentos aqui citados, não poderia ficar de fora o Instituto Federal Farroupilha, na localidade de Passo Novo, no município do Alegrete, que oferece ensino médio, cursos técnicos, licenciaturas e até pós-graduação!

* Em tempo: queria eu saber se, por acaso, alguém sabia de alguma proibição legal de propaganda de governo durante as eleições. Após uma pesquisa pela internet, pude descobrir que se trata de uma postura equivocada e assimétrica do Supremo Tribunal Federal, na pessoa do Ministro Marco Aurélio Mello. É legal restringir a informação sob uso de peças publicitárias? De qualquer forma, não retiro os questionamentos antes levantados, e os reitero: a quem serve desvincular obras com investimento federal do Governo Lula em Alegrete, no Rio Grande do Sul e no Brasil?

31 de agosto de 2010

"Há metafísica bastante em não pensar em nada"

É do Ruben a ótima sugestão de leitura do seguinte poema de Alberto Caieiro, heterônimo do grande poeta português Fernando Pessoa. Curtam:

Há metafísica bastante em não pensar em nada.


O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.


Que ideia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).


O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.
Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?


"Constituição íntima das cousas"...
"Sentido íntimo do Universo"...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.


Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.


O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.


Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!


(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)


Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.

(poema V de O criador de Rebanhos, 1925)

18 de agosto de 2010

Eleições 2010: políticas públicas para portadores de necessidades especiais no centro do debate

Foi na Bandeirantes que os portadores de necessidades especiais tornaram-se tema de debate nas eleições presidenciais. O tucano José Serra insistia que o amparo governamental a essa parcela da população havia regredido durante os oito anos de governo Lula. Apenas nos dias seguintes ao debate se teve acesso aos fatos e números reais, que no momento acabam se perdendo.

Dias depois, repassei
o seguinte texto para alguns amigos que, por um motivo ou outro, têm interesse no tema:

Apaes: “Serra distorceu informações, tirou proveito das angústias de pais e reforçou preconceitos”, por Conceição Lemes: http://www.viomundo.com.br/denuncias/apaes-%E2%80%9Cserra-distorceu-informacoes-tirou-proveito-das-angustias-de-pais-e-reforcou-preconceitos%E2%80%9D.html

Essa iniciativa propôs que pudéssemos debater, em determinado círculo de amigos, as diferentes posições que delineiam as políticas públicas para os portadores de necessidades especiais.

Por exemplo: uma amiga, que já me declarou, de antemão, seu apoio ao Serra, respondeu-me o seguinte:

Li o link que você me mandou, e tenho que admitir que ali há coisas com as quais eu concordo. Mas também existem coisas que sou contra. Para quem olha de fora é diferente de quem está lá dentro (eu estou no meio), por isso entendi o que foi colocado de ambas as partes; o problema é que no papel é uma coisa, no real é outra...

Ao início do horário de propaganda política, José Serra volta ao tema. Veja aqui.

Eis que o meu amigo Luciano, do blog Reflexões, e acadêmico do curso de Educação Especial, puxa a conversa...

Luciano:
Você viu o horário político, bruxo? Viu a declaração do Serra?

Blog do Berned:
Qual delas?

Luciano:
A que ele promete fazer um centro de tratamentos para as pessoas deficientes.

Blog do Berned
Sim.

Luciano:
Como se a deficiência fosse uma doença que pode ser curada!

Blog do Berned:
Pelo que já conversamos, isso é tratar como área de saúde o que é da área da educação! Ou seja, totalmente oposto às políticas de inclusão.

Luciano:
Sim! Mas é uma visão em que ele vai perder muitos votos por causa disso. Porque a cabeça dos pais, hoje em dia, está em aceitar a deficiência dos filhos e fazê-los levar a vida mais normal possível, e com os professores é a mesma coisa. Pelo menos essa é a minha visão. Talvez eu esteja sendo utópico, mas estamos caminhando para esse lado.

13 de agosto de 2010

Eleições 2010: para que votar?

Ante as próximas eleições, frente às tomadas de posicionamentos e aos debates políticos, é possível que muitos façam a seguinte pergunta: para que votar?

A nossa jovem democracia tem conquistado grandes avanços desde o final da ditadura militar, embora possa amadurecer ainda mais. Através da democracia representativa, delegamos alguém a tomar posições por nós nas instâncias legislativas e executivas do poder com o nosso voto. Entre as pessoas próximas, costumo dizer que o voto é uma procuração que concedemos a uma outra pessoa, para que tome decisões por nós. Ou seja, você conhece os seus candidatos? Sabe que ideias têm, que valores têm, que posicionamentos tomam? Você daria uma procuração para essa pessoa a quem você direciona o seu voto? Ora, não se trata também de negar veementemente as questões acima e anular o voto. Trata-se de conhecer, sobretudo, que projeto de sociedade tais candidatos representam, e conferir se equivale às suas expectativas. Também sempre defendi o voto em classes: ou seja, romper, de fato, aquela posição de subserviência em votar no dotô. Fazer valer, principalmente, nos cargos para o legislativo: votar em líderes comunitários ou em representantes sindicais, que representem os interesses de cada posição social. E que o dotô receba votos apenas dos dotores...

Alguns poderão dizer que o poder corrompe. Que o voto em classe – pobre votando em pobre, por exemplo – apenas possibilitaria ao candidato eleito fazer aquilo tudo que antes criticasse. Refuto essa lógica perversa pois acredito que as pessoas podem, cada vez mais, tomar para si essas responsabilidades que são hoje delegadas a um outro: ou seja, que se possa articular mudanças no sistema social a fim de que possamos ter uma democracia de fato. Democracia vem do do grego, “governo do povo”, embora ainda na Grécia fosse elitista esse regime, haja vista que a porcentagem de “cidadãos” era mínima, já que excluía mulheres, escravos e estrangeiros. À democracia contrapõe-se a monarquia, em que o poder é de uma linhagem familiar legitimada pela unção divina. Porém, ao invés de uma democracia plena, por muito tempo estivemos na mão de oligarquias – “governo de poucos”. Os poucos que detinham o poder político e econômico governavam. Nos anos 60, quando o trabalhismo ameaçava o status quo, as oligarquias, que apoiaram o golpe revelaram-se justamente enquanto ditadura – “governo na mão de uma pessoa, um grupo ou uma classe”. O Brasil ainda possui seus oligarcas na política, sejam eles candidatos ou financiados por eles. Por isso é tão importante a defesa de uma reforma política no Brasil, que entre outras coisas defenda o financiamento público exclusivo de campanha: para que os candidatos sejam eleitos pelos projetos que defendem, e não pelas doações que recebam. Defendemos uma reforma política que leve ao pé da letra a etmologia de democracia!

Para “quais os critérios para o voto?”, eu reformularia a pergunta: qual é o papel de um governo? Entre diferentes candidatos, diferentes partidos, diferentes coligações, há diferentes projetos que concebem diferentes modelos de sociedade, de governo e de país. Qual é o projeto político que defendemos para o Brasil? Qual é o papel de um governo? Não sei se diferentes projetos políticos responderiam de mesma forma essa pergunta. Eu acredito que um governo, nas condições atuais, sirva para, efetivamente, melhorar as condições de vida das pessoas, universalizando o acesso aos bens públicos que são de direito de todos. Outros podem achar que a vida do povo é supérflua nesse embate político, apesar de isso não ser admitido... O que não se deve fazer, de modo algum, é cair no debate despolitizado, atacando candidatos com críticas pessoais e não políticas. Devemos escolher um projeto político para o país, portanto não faz sentido escolher “A” ou “B” como se escolhe um time de futebol para torcer...

Por aí também podem alegar o descrédito das instituições políticas, sobretudo dos partidos. No Brasil, diferente de outros países, é necessário estar vinculado a algum partido político para ser candidato. Acontece que as legendas, enquanto tivessem mais ou menos uma unidade programática, mais coerentes seriam. Porém, na maioria das vezes, as pessoas vinculam-se a partidos não para a defesa de um projeto específico, mas porque encontram mais facilidades em se candidatar, ou para conseguir um eventual trabalho em algum órgão público. Isso acaba por descaracterizar certas bandeiras partidárias: tanto faz estar em um lado ou outro das disputas eleitorais. No entanto, simplesmente concluir isso é desconsiderar que há partidos que se estruturam de modo diferente entre si. Há partidos que têm correntes internas, a fim de forçar debates internamente; há partidos que têm mais ou menos pré-definidas as suas diretrizes ideológicas; e há o que chamamos de “legendas de aluguel”, entre outros nuances que poderíamos considerar. Com a legalidade do financiamento privado de campanha, o sujeito pode ver a sua própria candidatura como um investimento: ele não está para defender uma ideia conjunta, em que qualquer candidato de seu partido levará consigo. Há conflitos intrapartidários em virtude justamente dessa lógica absurda em que o candidato precisa se eleger em nome de um personalismo que, na verdade, é a busca pelo retorno do capital investido/perdido. Todavia, não creio que se possa generalizar essa afirmação.

Eis a responsabilidade que temos ao delegar essa procuração, não em nosso nome, mas em nome de nossa comunidade, de nossa cidade, de nosso futuro. Certas posturas, circunstâncias, opções, poderão modificar diretamente a vida de milhares de pessoas, positivamente ou negativamente. Percebe a responsabilidade? E ainda falam em voto facultativo! Para mim, abrir mão do voto, seja branco ou seja nulo (legalmente têm o mesmo propósito), ou ainda, desejar o voto facultativo, é apenas uma desculpa para não assumirmos a nossa responsabilidade frente às nossas escolhas.

Sugiro ainda a leitura do ótimo texto no blog Igor de Fato: Histórias de um novo Brasil.

10 de agosto de 2010

Com valor e fibra, tu és o orgulho de Santa Maria

Do G1: Site do Chivas comete erro e publica escudo do Inter de Santa Maria. Serviço da final da Libertadores vem com gafe; nas outras seções da página, porém, o escudo colorado está correto.
 
Colorado, com um pé na América e outro no Mundial...

28 de julho de 2010

Jornal de Artes: igual a um sobre o nourrau

O seguinte texto foi publicado originalmente na edição de dezembro de 2009 no Jornal de Artes, organizado pelos amigos Clauveci Muruci e seu filho, Maurício. Passado um tempo, resolvi divulgá-lo também no blog.

A posição social do ator é única: é um gesto de alteridade. A ele, e mais a nenhum outro papel social, cabe colocar-se no lugar do outro. Estamos falando de representação, mas, sobre tudo, um gesto de despersonalização em nome de outrem. Pelo próprio corpo e pela própria voz o ator conduz esse outro com o seu próprio eu.

Ao falar de representação, talvez pudéssemos estender o gesto de alteridade ao artista de modo geral. Afinal, desde Platão a representação é tomada como assumir a voz de alguém que lhe é diferente. Assim, o poeta, o ficcionista e o pintor também estariam sendo levados pelo gesto de despersonalização para dar voz ao outro. No entanto, o artista de modo geral pode “representar”, ainda que não abra mão de si próprio. O pintor pode pintar o que lhe convier e do modo que lhe convier, de forma que possamos identificar sua postura em relação à arte e à sociedade através de suas escolhas para a composição final; assim também sucede ao escritor, em que não é necessário abrir mão de seu orgulho, de seu amor próprio, conquanto que a escrita lhe seja um meio de ascensão e não um gesto de amor, de apagamento de si próprio. O processo de escrita pode se tornar um gesto de amor, mas de modo geral: o escritor se apaga em prol da materialização da escrita como um monumento, que se emancipa do próprio escritor e sobrevive a ele, e fica à disposição de quem se interessar. Correndo o risco de ser como uma velha estátua de praça pública, quando ignoramos quem seja o homenageado; pode-se não ter interesse.

Não que o ator não passe pelo mesmo processo. As suas opções passam pela seleção do tema e do texto – ainda que possamos não ter falas ou ter atuações sob improviso, ainda há ao menos um texto anterior e mínimo que dê coerência a um roteiro – além do próprio modo de conceber a representação cênica e materializá-la no seu desempenho de uma personagem: o seu modo de conceber a arte e a sociedade está em jogo. A relação do teatro com o público é, antes de tudo, necessária pois é imediata: sem público não há espetáculo e não há ator. Já dizia Peter Brook, que no momento que colocamos uma pessoa a caminhar e outra a observá-la, já estamos tocando a base do teatro, ou seja, o contato do artista com o público. O escritor, o pintor e o cineasta podem vir a materializar um objeto artístico alheios a um público, podendo ser reconhecidos anos após a morte, ou nunca. Mas o objeto – o livro, a tela, a escultura, o filme – estão lá, ao alcance de quem queira apreciar. O ator precisa do reconhecimento na efemeridade da sua existência para ter público, para ter espetáculo, para ser ator.

No entanto, a posição social que a representação do ator exerce se diferencia de outros artistas: o exercício de alteridade não é uma opção, é da própria essência do ator. É inerente à sua arte colocar-se no lugar de um outro, assumir-lhe o modo de ver o mundo e seus anseios, e transmiti-lo a um público. Ser um outro, no período de um espetáculo: viver na pele, deixar ser tomado por uma outra existência que não a sua. O glamour que a profissão possui hoje se torna uma força contrária à própria essência do ator: pois a necessidade de ter um nome reconhecido como celebridade pode sobrepujar justamente a sua despersonalização. É direcionar o seu próprio trabalho para que, antes de o público ver a personagem, veja o sujeito que a interpreta. Mas apenas o reconhecimento não faz o artista; se a essência da dramaturgia consiste em materializar no aqui e agora uma existência que nos é alheia, não há arte, mas há puro produto comercial, se não somos levados a ignorar – ainda que pelo momento da peça – a existência pessoal do profissional que atua em detrimento do universo ficcional que justifica o espetáculo.

O que aprende o ator com sua personagem? O que tem de diferente e semelhante a si? Perguntinhas banalizadas em programas de entrevista, mas importantes de serem tomadas de forma mais ampla. É necessário tomarmos para nós a relação que existe entre o ator e o outro, sua personagem. Através do diferente, não se trata de apenas marcar a diferença, mas equilibrar as semelhanças para que o público possa identificar-se e ser tomado pela proposta da peça. Ainda que seja um universo exótico ou fantasioso, estão em jogo as relações e as reações humanas. Por isso é necessário tolerar e conviver com a diferença, enxergando-nos como parte de um mesmo corpo social, e parte da mesma humanidade.

É tão difícil fechar os olhos aos nossos interesses, ainda que por instantes, para compreender a posição do outro... A despersonalização é um gesto de amor: o que ama está disposto a sacrificar a sua própria constituição enquanto sujeito pelo ser amado, como as relações entre pais e filhos, companheiros conjugais e amigos nos ensinam isso. Abrir mão de si próprio: o próprio cristianismo nos ensina isso, mas embora nossa sociedade ocidental tenha sido modelada por sua religiosidade, são-nos apagados - a partir de interesses históricos - certos valores como a alteridade. Amamo-nos aos outros como a nós mesmos? Somos capazes de um amor pleno e universal para com o outro? A arte, de forma geral, é e precisa reconhecer que sua essência precisa ser e é, sobretudo, um gesto de amor ao próximo.


Post-Scriptum: Agradeço a colaboração do amigo e ator Maico Silveira para a composição dessas reflexões.

30 de junho de 2010

Uma leitura de O caminhão, de Marguerite Duras

Minha mãe está lendo O caminhão, tradução de Le camion, de Marguerite Duras, livro com que trabalhei durante meu projeto de pesquisa no mestrado. Durante a tarde, entre uma conversa pela internet de muitos temas, ela toca no assunto e puxa conversa...


Mãe: Estou quase terminando O Caminhão...

Blog do Berned: E o que está achando?

Mãe: Meio complicado... Tem que entrar na história para entender o que ela pretende... 
Parece escondido...
Tem que aguçar a imaginação...

Blog do Berned: Sim, é a ideia: exigir do leitor uma participação ativa na leitura.

Mãe: Yes! Disseste melhor!
Tem que se colocar em cada personagem... tipo, viver junto a história.
Estar no caminhão.
Imaginar a paisagem...
E o que se passa na cabeça da mulher...
É tudo invenção o que ela fala?
Ela saiu de um sanatório como fala o Gérard Depardieu...
Ou é uma solitária que procura viver uma história pedindo carona?

Blog do Berned: Eis o tempo hipotético na organização da narrativa!

Mãe: Ou seja: uma incógnita!

Blog do Berned: Não é uma incógnita, pois não há resolução para isso. 
Ou seja, as possibilidades são infinitas! 

Mãe: Hummm... não tinha pensado nisso!
Cada leitor imagina o que quiser e pronto.

Blog do Berned: Exatamente...

Mãe: Será que no filme não fica meio... sem graça?
Pois, no final, é a montagem de um filme...

Blog do Berned: Talvez, não vi o filme.
Mas acho que o efeito é semelhante... Pois a atenção não estaria na imagem, apesar dela estar bem ali em frente! Mas possivelmente no som, como um convite para fechar os olhos e imaginar...

Mãe: Hummmm...
Mas já fiquei imaginando como seria o filme...

Blog do Berned: Exatamente, é esse o efeito!

Mãe: Imaginar e não assistir?

Blog do Berned: Sim!

Mãe: E também seria sem ação...
Ela por vezes cantarola uma canção...

Blog do Berned: E que canção é?
Imagina alguma para o filme que se passa durante a tua leitura?

Mãe: Ainda não tentei...
Mas num filme ficaria meio parado. Pois ele, G.D., só responde por monossílabos...
Ficaria um diálogo unilateral?

Blog do Berned: Imagina que ela está no papel de quem conta uma história;
e ele, no nosso papel, daquele que ouve a história e orienta o nosso papel, a participar, a interrogar(-se) e a imaginar a história.

Mãe: Então, é uma sala com uma mesa e somente duas personagens contando uma história que o público só imagina....

Blog do Berned: O paradoxo é ir ao cinema ver isso, quando as narrativas contadas por alguém ao pé de fogueiras são milenares...
O homem sente a necessidade de ouvir e contar histórias...

Mãe: Mas e esse filme existe?

Blog do Berned: Sim. 
E se passa em uma sala, com uma mesa e somente duas personagens contando uma história que o público só imagina.

Mãe: E não foi aquele que ela não gostou de como fizeram?
Não... esse foi O Amante!

Blog do Berned: O caminhão foi ela mesma quem fez.

Mãe: E ela gostou?

Blog do Berned: Sim... ela fez como queria que fosse feito.

Mãe: Hummm... Intrigante e curioso.
Ou desperta a curiosidade para assisti-lo.


Para conhecer mais da boleia desse caminhão, procure o livro aqui.

29 de junho de 2010

Patriotismo de copa do mundo

Foto: Fifa.com, via Flickr/Y!

Muita gente critica esse fenômeno em terras tupiniquins, o nosso patriotismo que se alterna entre copas do mundo de futebol e olimpíadas de verão. Tais críticos, suponho, têm em vista um patriotismo constante ao longo do ano, e que teria seu apogeu no sete de setembro, no quinze de novembro, e talvez no 22 de abril. Seu modelo é, supostamente, as comemorações do 4 de julho nos Estados Unidos e do 14 de julho na França.

Se considerarmos o motivo de comemoração em relação ao julho estadunidense e ao francês, verificaremos que remete a momentos profundamente significativos, de rompimento com uma ordem vigente e surgimento de outra ordem, com intenso apoio e participação popular. É destacado o orgulho nacional de se ter participado de uma grande vitória para o seu país, a sua nação e o seu território.

E no Brasil, por que é diferente? De fato, com os acontecimentos que precederam e atingiram o seu ponto alto no sete de setembro em São Paulo, a independência do Brasil representou uma independência de fato? Ora, as elites mantiveram-se as mesmas, o sistema escravagista e monárquico permaneceu o mesmo, e a dependência política de Portugal, econômica da Inglaterra e cultural da França mantiveram o Brasil agindo como uma colônia. A própria proclamação da república, com mais de cinquenta anos de atraso, apenas exprimiu o esgotamento de um sistema em si mesmo, não modificando substancialmente em nada a política e a economia nacional.

Em termos políticos e econômicos, as grandes mudanças iniciaram com o governo de Getúlio Vargas. O caudilho gaúcho, que garantiu inúmeros avanços nas áreas trabalhista e industrial, ainda representava os interesses de sua classe social, embora confrontasse o eixo São Paulo – Minas Gerais. Sua Revolução de 30, que dá início aos 15 anos ininterruptos de presidência, é sim um marco de resistência e luta, ainda que da incipiente classe burguesa.

Quando o processo político do Brasil apontava para mudanças consistentes e significativas pelas eleições democráticas, sobretudo após os anos JK, de efervescência cultural e de grandes construções, os militares, apoiados pela UDN, reprimem os indicativos da mudança por vir e garantem no poder a mesma elite de sempre. Resumindo: na história do Brasil não há vitória de contestadores e revolucionários. As mudanças são tênues, vindas de regimes democráticos ou pelo próprio peso da história.

Que orgulho nacional pode advir dessa história oficial?

De fato, no Rio Grande do Sul, o orgulho gaúcho é muito mais intenso do que o de ser brasileiro, em que a Revolução Farroupilha é o grande motivo. E ainda, aos que possam condenar essa comemoração como uma batalha de interesses de oligarcas, no mesmo estado temos a figura de Leonel Brizola como referência pela Legalidade, a última grande resistência do poder civil ao golpe militar que a precederia. Poderemos admitir que efeito semelhante há em Minas Gerais em relação à Inconfidência e em Pernambuco em relação à Confederação do Equador.

O que torna o nosso país motivo de orgulho? Que ações humanas tornam o nosso especial e destacado em relação a outros? O que nos coloca na ponta de grandes países? Até pouco tempo, que atividade cumpria essa necessidade de auto-afirmação, senão o esporte, e mais especificamente o futebol?

Possivelmente apenas no século XXI começamos a abandonar o complexo de vira-latas e ter orgulho de nosso país, pela via democrática e coalizão política em torno de um projeto nacional de desenvolvimento e distribuição de renda. Apesar de sua imprensa e parte da população não terem assimilado que a mudança veio pra ficar, cada um de nós tem responsabilidade pela construção do país e grande nação que todos queremos que seja. Ter orgulho é ter amor-próprio, e amor-próprio se conquista pela satisfação em colaborar.

20 de abril de 2010

A Veja vende o seu pato

"Eu me preparei a vida toda para ser presidente", diz o presidenciável tucano José Serra na capa do caduco folhetim semanal. E não vai ser, assim como o Maluf (outro que está há tempos esperando a sua vez...).

Leia aqui, no Conversa Afiada, a denúncia dessa que é mais uma peça apelativa pró-Serra.

Sem falar no fotoshop forçado, em que o dito candidato aparece sem as olheiras habituais e as salientes gengivas que lhe são naturais:

Veja mais "fotoshopagens" equivocadas, aqui.

1 de abril de 2010

Contra ou a favor ao aborto? Vai pensando aí...


Do Portal Vermelho:


O debate foi proposto... Vamos repensando nossas posições, pois, mais cedo ou mais tarde, esta questão, entre outras tão delicadas que vêm sendo proteladas, vai ter que ser encarada e discutida... São questões sobretudo de ética e de saúde pública para as quais não podemos simplesmente ignorar por mais e mais tempo!

Sem falar que eu adorei a composição do vídeo. Muito bem pensado, muito bem feito...

A iniciativa é do pessoal da Ipas, a partir da página www.vaipensandoai.com.br

27 de março de 2010

Quando a pólvora do fósforo explode um grampeador de mercúrio

Um amigo meu dizia – a Taise narrando – que o grampeador não deveria se chamar “grampeador”. Deveria chamar-se “grampeadouro”. Como “bebedouro”, que é o aparelho em que se bebe. Grampeador não deveria ser a pessoa que está grampeando?

Esse foi um dos tópicos de uma conversa entre eu e a Taise, sábado pela manhã cedo, sobre o significado das palavras, enquanto tomávamos chimarrão.

Foi a Taise que puxou assunto a respeito do mercúrio, o “negocinho vermelho” que as mães passavam no machucado das crianças, que é uma solução iodada utilizada para evitar infecção. Ela questionou-se a respeito do nome do remédio, que se refere a um metal pesado, extremamente tóxico. E que, obviamente, não está na solução do referido medicamento, à base de iodo, um não-metal. Pensemos que as pessoas estão mais propícias a lembrar do mercúrio como remédio e não como elemento químico: será que dá agora para imaginar as pessoas passando mercúrio na pele...?

Caso contrário – argumentei – é o do fósforo. O fósforo não tem fósforo. Na verdade, está certo se falamos em “caixinha de fósforo”, pois o elemento fósforo está presente na lateral da caixinha, e não no palito. O palito possui pólvora (mistura de nitratos, enxofre e carvão), mas, ao falarmos em caixinha de fósforo, somos levados a imaginar uma caixa que contenha fósforo: e assim, o palito de pólvora ganha o nome de “fósforo”! Porém – como a Taise argumentou – imaginemos as pessoas receosas pela sensação de violência que a ideia de ter pólvora em casa propicia...

PS: A sugestão de título é da própria Taise, que corresponde à maneira de levar as suas inquietações.

15 de março de 2010

Ato 1

Quatro paredes. Com o piso e o teto, um cubo de concreto. Nesse cubo de concreto atravesso dias do resto da minha existência. Nesse cubo eu durmo, eu acordo, eu como, eu estudo. Em outros cubos iguais a esse eu almoço, eu trabalho, faço amor e pago contas. Vivo num universo de cubos de concreto em constante queda e reconstrução, nos quais as pessoas – nós – eliminam lentamente cada feixe de vida que nos resta até a nossa promessa de morte. Eis a lembrança da nossa morte: certeza única que nos dá uma segurança de futuro (ou falta dele). Através da lembrança que estamos condenados a morrer, podemos nos impulsionar a fazer algo mais do que dormir, comer e cagar. Ou usufruir esse dom ou bênção que é dormir, comer e cagar: sinais de vida. E, se possível, usufruir também de outros dons que a existência permite que nos aventuremos, seja através do prazer ou da dor. Mas para além do interior do cubo de concreto. Ou será possível encontrar a famigerada felicidade dentro de um cubo com cama, geladeira e fogão? A luz elétrica e a água encanada podem vir a ser os sinais de que há um mundo exterior que nos espera mas que nos ameaça pela incerteza. O telefone, a televisão, o rádio e a internet são sinais mais nítidos dessa presença externa: que há mais pessoas lá fora, dormindo, comendo, cagando e disputando poder e dinheiro. Um jornal afirma em sua versão digital que os Estados Unidos ampliam para 20 mil o número total de soldados atuando no Haiti, depois do terremoto de 12 de janeiro (2010). Mídias alternativas noticiam que Cuba mandou 400 jovens médicos para atuarem no Haiti. E a gordinha do youtube manda seu apoio ao povo azul de Pandora. Guns n’Roses cancelam um show por causa da chuva, Lady Gaga tem seu novo clip divulgado na rede e metade dos franceses estão se lixando para quem estará na composição do seu parlamento. Na segurança do meu cubo de concreto estou apático à autorização que o governo de Israel deu para que se construam novas colônias judaicas em áreas árabes, que dificulta as negociações de paz no Oriente Médio. Ou, ainda que eu esteja acompanhando essas negociações de paz, estou seguro pelo cubo e pela distância. Fico chocado com a matança de golfinhos no Japão e com o desmatamento da Amazônia, ao passo que a Europa já devastou a sua floresta. Os governos de países desenvolvidos fazem jogo duplo no que se refere aos países do terceiro mundo: ao mesmo tempo em que financiam ONGs para direitos humanos e proteção ambiental, financiam empresas para explorarem mão-de-obra barata e recursos naturais. Até que ponto esses são problemas que devo considerar como meus? A crise econômica grega pode me afetar? E se fosse aqui? Na segurança do meu cubo consigo me manter alheio às questões de soberania nacional, segurança alimentar, engarrafamentos e reforma agrária. Consigo? Nos Estados Unidos, a população economicamente ativa na agricultura é de apenas 2 a 3%, e Beckram tem rompimento total do tendão de Aquiles, o que impossibilita sua ida à Copa do Mundo. Ignoro a existência de micróbios, suponho a existência de extraterrestres e não tenho certeza sobre a existência de Deus, mas adoro sorvete, cheeseburger e pizza. Afinal, o que não mata na hora, mata aos poucos. Guerras, desastres naturais e pressão alta, coisas tão distante da minha realidade. Até que ponto? Até que ponto a morte e destruição no Chile não vão garantir o aquecimento da economia em outras partes do globo, incluindo talvez o meu emprego? Ou as guerras entre cristãos e muçulmanos na Nigéria? E as guerras no Iraque e no Afeganistão, que garantem o suprimento de combustível para empresas norte-americanas, mas que no Brasil reclamamos do preço da gasolina ao passo que a temos a Petrobrás como uma das maiores empresas petrolíferas no mundo, sem necessidade de conflito armado para extração de petróleo e gás? E se eu separo o lixo em casa ou evito comer carne, estou fazendo a minha parte para a Pax Mundi? O exterior me ameaça. Fecho as janelas e ligo o ar condicionado. Tenho colchão, calçado, vaso sanitário e computador: e quem não tem? Quantas pessoas hoje no mundo não têm o que tenho agora ao meu alcance? E é problema meu? O que eu poderia fazer? Eu posso fazer algo? Eu quero me expor à ameaça externa e fazer mesmo alguma coisa?

6 de fevereiro de 2010

sem título, sem data

Esse poeminha realmente é das antigas. Não está datado, e inclusive está sem título. Mas eu lembrava dele e, limpando a casa, achei-o. A "Tereza" é, obviamente, uma referência a poemas do Manuel Bandeira. Talvez merecesse retoques, mas por ora fica como algum dia escrevi-o:


Tereza, eu te vi uma vez, te beijei, te abracei, conversei contigo, ri, falamos de literatura, falamos em francês, me falaste de ti, falei de mim, debochamo-nos, separamo-nos numa festa, não ouvi teu nome, e para poder sonhar contigo inventei um nome pra ti.


Bonitinho, não?

28 de janeiro de 2010

Deu no Vermelho: Osório cria núcleo da UJS

Copiado de: http://www.vermelho.org.br/rs/noticia.php?id_noticia=123089&id_secao=113 . 24 jan 2010.

Desde o dia 16 de janeiro, Osório já possui a UJS – União da Juventude Socialista. A reunião que criou a UJS contou com a presença do Vereador de Cidreira, Matheus Junges (PCdoB), do Presidentes Estadual da UJS, Mateus Fiorentini (Xuxa), do Secretário Adjunto de Juventude, Esporte e Lazer, Binho Silveira e do Presidente do PCdoB Osório, Jessé Leites.

ujs osorio

Jessé, Mateus (Xuxa), Douglas, Matheus Junges, Binho e Vagner
















Na reunião ficaram a acertadas as atividades da UJS para 2010, bem como a campanha Te Liga 16 que vai conscientizar os jovens entre 16 e 18 anos a votarem nas próximas eleições. A direção provisória formada pelos estudantes universitários Douglas e Vagner trabalhará para realizar o Congresso Municipal entre março e abril.

Para o Vereador Matheus, a criação da UJS não é apenas a constituição de um grupo de jovens. “A UJS lutou pela democracia, conseguiu o voto aos 16 anos, dirigi a UNE, a UBES e tem figuras que fazem história, como por exemplo, Aldo Rebelo, Manuela d’Ávila e o Ministro Orlando”.

Já Binho acredita que Osório tem muito a ganhar com a UJS. “Acredito que agora teremos uma juventude aguerrida e corajosa, disposta a contribuir para as lutas do povo de Osório e do Litoral”.

O Presidente Estadual, Mateus (Xuxa), lançou a ideia de todo o Litoral possuir direções da UJS a partir do núcleo criado em Osório. “A UJS precisa estar em todas as 23 cidades da região. A partir de hoje tenho certeza que os bons ventos de Osório soprarão também na renovação da política do Litoral”.

Conheça o Portal Vermelho: http://www.vermelho.org.br/